sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

ESTRANHA  VINGANÇA

   No dia 2 de maio, a frota de Cabral retornou a viagem para a Índia, enquanto um dos navios regressava a Lisboa com a notícia de Vera Cruz. Nas proximidades do cabo da Boa Esperança, rebentou uma tempestade com violência terrível. Era dia e as nuvens carregadas cobriam o céu de trevas, como se fosse noite escura. O vento de rajada acometia as velas furiosamente e as vagas do mar erguiam-se, temerosas, ameaçando engolir as embarcações na boca do abismo. Foram dias e noites de pavor! A tormenta dispersou a conserva * e o peso das velas molhadas dificultava as manobras à tripulação em desespero. Quatro navios viraram de quilha para o fundo do mar. Um deles era a caravela de Bartolomeu Dias, o bravo capitão que, pela primeira vez, ali tinha chegado, ao termo de África: por isso lhe chamavam o Capitão do Fim. Assim morreu o maior navegador que houve em Portugal. Até se podia pensar que o gigante Adamastor ** estava »a espera do herói para uma estranha vingança.

Bartolomeu Dias, História Júnior,
Edições Asa

* Navios em grupo.
** Figura mitológica (gigante assustador) usada por Camões para personificar o cabo das Tormentas, que mais tarde se chamou cabo da Boa Esperança.

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