AS BARBAS SEM FIM
Aquele homem nunca tinha cortado as barbas. Elas cresceram até ao peito, até à barriga, até aos pés, até arrastarem pelo chão.
Quando se esquecia de pôr o cinto, atava-as à cintura, para não lhe caírem as calças.
Quando queria varrer a casa, não precisava de vassoura - usava as barbas.
Quando parava a bicicleta na cidade, deixava-a sempre ficar presa às barbas para ninguém lha roubar.
Quando precisava de secar roupa, estendia as barbas entre duas estacas, no quintal, e nelas pendurava as camisas, as toalhas, os lençóis...
Quando a neta o vinha visitar, era certo e sabido que pedia logo:
- Avozinho, deixa-me saltar à corda com as suas barbas?
Se levava o cão a passeio, que trela julgam que usava? As barbas, está-se mesmo a ver!
Luísa Ducla Soares
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