DE UM BESTIÁRIO
FORMIGA
Com a formiga viajei,
Quase de braço dado...
Senhora formiga
É bom que se diga
Que tu és má:
Vais à alma, a pé,
p'ra roubar até
O que lá não há...
CISNE
Na água lenta onde insinua
O pescoço, espasmo constante,
Pura e hostil desliza a sua
Branca forma perturbante.
ANDORINHA
Despenteei-me já, mercê duma andorinha
Que na cabeça me passava p'la tardinha.
GRILO
O grilo que lutava ainda,
Adormeceu.
Coitado,
Já não podia aguentar o peso da noite.
Alexandre O'Neill, Obras Completas
1924-1986
Sem comentários:
Enviar um comentário