quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Luís, o poeta, salva a nado o poema

Era uma vez
um português
de Portugal.
O nome Luís
há de bastar 
toda a nação
ouviu falar.
Estala a guerra
e Portugal
chama Luís
para embarcar.
Na guerra andou
a guerrear
e perde um olho
por Portugal.
Livre da morte
pôs-se a cantar
o que sabia
de Portugal.
Dias e dias
grande pensar 
juntou Luís
a recordar.
Ficou um livro
ao terminar
muito importante
para estudar.
Ia num barco
ia no mar
e a tormenta
vá d'estalar.
mais do que a vida
há de guardar
o barco a pique
Luís a nadar.
Fora da água
um braço no ar
na mão o livro
há de salvar.
Nada que nada
sempre, a nadar
livro perdido
no alto mar.
- Mar ignorante
que queres roubar?
A minha vida
ou este cantar?
A vida é minha
ta posso dar
mas este livro
há de ficar.

Almada Negreiros, Obras Completas


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