A TIA LÚCIA
É assim que recordo a tia Lúcia: eficiente e calma, ora na cozinha a ajudar ou a substituir a Emília, ora a passar a ferro cestos e cestos de roupa que a Emília lavara e a avó borrifara e enrolara, ora a compor um jarro de flores que escolhera no jardim, ora a limpar, ora a arrumar, sempre vestida de claro, figurinha gentil nem alta nem baixa, cabelo castanho escuro revolto, a escapar-se-lhe dos ganchos e travessas com que tentava domá-lo e que ao menor sopro de vento se desprendia e dispunha em moldura graciosa em torno do seu rosto miúdo, de grandes olhos negros, aveludados, e dentes muito brancos, um tanto irregulares.
Hoje, é assim que a vejo. Naquele tempo eu não saberia descrevê-la. Só sabia que a achava muito bonita...
Patrícia Joyce, Gabriel dos Cabelos de Ouro e Outras Histórias
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