SOL e MAR
Agora eram férias, mas o Zé Migalha não estava com os pais. Nem com um, nem com outro. O pai tinha ido para o estrangeiro em viagem de negócios, as férias da mãe, desta vez, não acertavam com as suas férias da escola...
Valeu-lhe o tio Dinis que disse assim:
- O miúdo não vai ficar fechado dois meses num sétimo andar. Levo-o comigo.
Iam à praia todos os dias: ele e o tio Dinis que era irmão da mãe.
E foi o tio Dinis quem, ao vê-lo tão quieto, deitado na areia, lhe veio fazer cócegas na sola do pé.
- Eh, seu Zé Migalha, vamos dar um mergulho?
O pequeno encolheu as pernas e rolou meia volta no chão, mas não respondeu.
À cara molhada das lágrimas, tinha-se colado areia, e o tio Dinis desatou a rir:
- Olha o barbudo, com uma barba de três dias!
Zé Migalha não percebeu quem era ali o barbudo, porque o tio é que tinha barbas, mas muito mais antigas do que três dias. Sempre om conhecera com elas!...
Só quando o tio lhe passou a mão pela cara a sacudir a areia, é que entendeu a brincadeira. Riu-se, e pôs-se de pé, aceitando o desafio.
Correram ambos para a água, tio e sobrinho, dispostos a deitar ao mar todas as tristezas.
Maria Isabel de Mendonça Soares, Os Bons Piratas
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