QUEM TEM MEDO DO LOBO MAU?
Durante séculos, o lobo foi considerado na Europa como uma das encarnações do mal. Feroz, cruel e espreitando no fundo das florestas, ainda povoa o nosso imaginário. É o mau da fita na história do Capuchinho Vermelho. Aparece ligado aos vampiros na literatura romântica do século passado. O Drácula imaginado por Bram Stoker não comandava legiões uivantes do alto do seu castelo dos Cárpatos?
Nas lendas portuguesas abundam histórias trágicas com alcateias. Quem, ainda há menos de cem anos nas aldeias portuguesas ou espanholas, ousava pôr em dúvida que, por via de uma estranha maldição, alguns infelizes se transformavam em lobisomens e corriam uivando pelos campos nas noites de lua cheia? (...)
E, no entanto, nem todas as tradições antigas faziam deste animal um ser maléfico. Basta lembrar a lenda da fundação de Roma, com os irmãos Rómulo e Remo amamentados por uma loba.
Hoje, com o lobo europeu ameaçado de extinção, descobre-se que, afinal, a ferocidade que lhe era correntemente apontada pecava por manifesto exagero. Biólogos e especialistas em comportamento animal demonstraram em caso de ataque ao homem são excecionais e praticados por animais doentes ou perturbados.
Um pouco por toda a Europa começa a olhar-se para os lobos com outros olhos. Há tentativas de reintrodução de animais no campo, experiências-piloto, criação em semicativeiro, etc.
E sobretudo tenta-se garantir que nos poucos sítios onde ainda há lobos em liberdade (caso de Portugal e de Espanha, calculando-se para o nosso país um efetivo da ordem das duas centenas de indivíduos), estes possam continuar a viver com um mínimo de tranquilidade.
Alvean Tahiri e Stéphanie Cascino,
in Expresso
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