terça-feira, 1 de setembro de 2015

SOPA DE TARTARUGA FINGIDA

  Durante todo o tempo em que estiveram a jogar, a Rainha nunca parou de implicar com os jogadores, gritando: "Cortem a cabeça dele!" ou "Cortem a cabeça dela!" Os que eram condenados, eram imediatamente levados pelos soldados que, como é evidente, tinham de deixar de ser arcos; por isso, daí a cerca de meia hora, já não havia arcos e todos os jogadores, exceto o Rei, a Rainha e Alice, estavam presos ou condenados à morte. Por fim, a Rainha desistiu, já sem fôlego, e perguntou a Alice: "Já viste a Tartaruga Fingida?"
   "Não", respondeu Alice. "Nem sei o que é uma Tartaruga Fingida."
   "É aquilo de que é feita a Sopa de Tartaruga Fingida", disse a Rainha.
   "Nunca vi nem ouvi falar de nenhuma", disse Alice.
   "Então anda daí", disse a Rainha, "e ela conta-te a sua história."
   Enquanto se afastavam juntas, Alice ouviu o Rei dizer, em voz baixa ao grupo: "Estão todos perdoados."
   "Ora vá lá, aí está uma coisa boa!", disse a si mesma, porque se sentia muito infeliz com a quantidade de condenações ordenadas pela Rainha.

Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas
Ambar


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