terça-feira, 20 de outubro de 2015

A LAMENTÁVEL CATÁSTROFE DE D. INÊS DE CASTRO

Da triste, bela Inês, inda os clamores
Andas, Eco chorosa, repetindo;
Inda os piedosos Céus andas pedindo
Justiça contra os ímpios matadores;

Ouvem-se inda na Fonte dos Amores
De quando em quando as náiades carpindo;
E o Mondego, no caso refletindo,
Rompe irado a barreira, alaga as flores:

Inda altos hinos o universo entoa
A Pedro, que da morte formosura
Convosco, Amores, ao sepulcro voa:

Milagre da beleza e da ternura!
Abre, desce, olha, geme, abraça e c'roa
A malfadada Inês na sepultura.

Bocage, Antologia Poética,
Biblioteca Ulisseia de Autores Portugueses

D. Pedro e Inês de Castro

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