O ELEFANTE
O elefante é um bicho narigudo.
Com um nariz que nunca mais acaba
e um rabo pequenino, é extraordinário:
o nariz-tromba é que parece o rabo,
um grande rabo mas posto ao contrário.
O elefante é um pândego orelhudo.
As orelhas tão grandes, largas, rasas,
parecem tampas de panelas velhas,
folhas de couve, barbatanas, asas,
tapetes ou abanos... ai que orelhas!
O elefante é um animal dentudo.
Mostra dois dentes grandes e bonitos,
branquinhos, de marfim, ponta aguçada...
Aquilo não são dentes, são palitos
espetados na boca desdentada!
O elefante é um brincalhão pançudo.
Com um tal peso e com um tal tamanho
se pudesse brincava o dia inteiro
nos rios, a nadar ou a tomar banho,
com a tromba servindo de chuveiro.
O elefante é um operário mudo.
Quando o homem o caça e ensina, manso,
num circo ou lenhador-carregador,
não diz nada, trabalha sem descanso:
é bom palhaço e bom trabalhador.
O elefante é grande e bom em tudo.
Na selva muito bicho mata e caça:
os maiores bichos comem os menores.
E ele, o maior, cheio de paz e graça,
come só folhas, frutos, talvez flores.
Que amigo inteligente, o bom gigante!
Tão pançudo e dentudo e narigudo
e orelhudo e operário mudo,
o elefante é grande e bom em tudo...
Por isso eu gosto muito do elefante.
Leonel Neves, O Elefante e a Pulga