O COMBOIO DO ESTORIL
Todas as manhãs
lavo os olhos no mar.
O comboio corre
eu vou devagar
com os meus olhos verdes
no azul do mar.
Falam as pessoas
(falam por falar...)
e eu lavando os olhos
nas águas do mar.
Voa uma gaivota
que me quer beijar.
Volta que revolta
e volta pró mar.
E meus olhos grandes
de tanto abarcar
vogam sobre as ondas
tão altas do mar.
Um barco pequeno
- quase de brincar -
parece um bebé
aos ombros do mar.
As pessoas leem
coisas de pensar.
Eu leio poesia
no livro do mar.
Com meus olhos grandes
de tanto abarcar.
O sol é uma grande
laranja a inchar.
Deixa cair gomos
de luz sobre o mar.
E um grande navio
(castelo do mar...)
leva muita gente
de lenço a acenar.
Devem ser da China
ou doutro lugar
(também terão olhos
de lavar no mar?)
No comboio os homens
fumam por fumar.
(que pensarão eles
do azul do mar?)
Só eu tenho olhos
de lavar no mar?
Só eu tenho barcos
quase de brincar?
E grandes navios
de gente a acenar?
E uma gaivota
que me quer beijar?
E a Poesia dentro
do Livro do Mar?
Eduardo Olímpio, O Comboio do Estoril
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