A RAPOSA E O BODE
Mestra Raposa passeava feliz
Com seu amigo Bode de altos cornos
Que não via mais longe do que o seu nariz,
Sendo ela diplomada em malandrice.
A sede os levou a fazer tal doidice:
Descer a um poço para matar a sede.
Depois de beberem à sua vontade,
Diz a Raposa ao Bode: - Que faremos, compadre?
Beber, já bebemos! Como vamos sair?
Levanta essas patas, assim contra a parede!
E os cornos também, que pelo teu espinhaço
Vou ver se consigo subir.
Depois, dos teus cornos eu faço
Uma espécie de escada
E já daqui me consigo safar,
Para depois te poder salvar!
- Pelas minhas barbas - diz ele - que ideia!
Como eu admiro essa tua esperteza!
Jamais descobriria tal segredo
Para sair daqui, tenho a certeza!
Salva a Raposa, não salva o companheiro.
E ainda lhe faz grande sermão
Para que ele tenha paciência.
- Se o céu - disse ela - te tivesse dado
Não apenas barbas, mas inteligência,
Tu não terias, assim tão ligeiro,
Descido ao poço. Agora, adeus, até mais ver!
Faz todo o esforço para sair daí,
Que eu tenho imensas coisas que fazer
E não posso perder mais tempo aqui.
É necessário ser previdente em todas as ocasiões.
Maria Alberta Menéres, Fábulas de La Fontaine,
Edições ASA
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