Querida Marta
Odeio a época do Carnaval. Sempre detestei carnavalices. Lembro-me daquelas fatiotas ridículas que a minha mãe nos obrigava a vestir (a mim e ao Traumatizado) quando éramos pequenos. Acho que nunca me esquecerei daquelas cenas tristes que, inexplicavelmente, faziam sempre rir os grandes. Tenho cá um azar ao mês de fevereiro! Na escola é o desatino do costume: continuam com as abomináveis tradições de atirar ovos, água, tinta e outras bodegas para cima de toda a gente, como se isso tivesse alguma piada. É incompreensível. Num mundo onde milhões morrem à fome, gastam-se ovos e tomates em guerrilhas de corredores das escolas! É proibido, claro, mas, por isso mesmo, todos os anos é a mesma guerra. Lá vão uns dias para casa, de castigo, mas não se ralam, muito pelo contrário.
Maria Teresa Maia Gonzalez, in A Lua de Joana,
Verbo
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